1: Introdução
Glifos são elementos que através de uma linguagem simbólica representam algo. As letras de um alfabeto são glifos porque representam sons.
Os glifos astrológicos são aqueles que representam o corpos celestes e, em uma aproximação mais simplista, os planetas. Ainda que muitos conheçam e sabem os glifos dos planetas a maioria desconhece a síntese de sua constituição.
Este é o estudo deste artigo.
2: Os Glifos
Os planetas possuem os seguintes glifos, destacando que o Sol e a Lua são planetas, do ponto de vista esotérico. O mesmo é aplicado a Plutão que é, esotericamente, um planeta.
3: A Síntese dos glifos astrológicos
Tudo se cria a partir da Lei do 3. Tudo, exatamente tudo, existe a partir de 3 Forças, são elas:
- Força Ativa (Masculina)
- Força Passiva (Feminina)
- Força Conciliadora (Neutra, que une, sábia e de forma construtiva as duas anteriores)
Não há criação que não se faça desta forma. O mesmo deve ser aplicado aos glifos astrológicos.
Existem três elementos base que constituem, a partir de si e de combinações, os glifos astrológicos, são eles:
- O Círculo: Aspecto da força ativa (masculina)
- O Semi-círculo: Aspecto da força passiva (feminina)
- A Cruz: Aspecto da força neutra, a qual em si, encerra a ideia de cruzamento entre uma força ativa (madeiro vertical) com uma força passiva (madeiro horizontal). Em outras palavras, representa a força sexual.
Desta forma, temos, em origem:
< — COLOCAR DESENHOS — >
A partir disso começamos nosso estudo referente aos glifos.
Destacando que todos os glifos são formados somente a partir da combinação de um círculo, de um semicírculo e de uma cruz, das mais variadas formas.
4: Explicação Esotérica dos glifos astrológicos
SOL
O glifo do Sol possui como primeira característica visível um círculo externo, símbolo da força masculina, da força ativa. O ponto ao centro é um círculo de dimensões diminutas e representa a geração, característica óbvia do astro rei.
LUA
O glifo da Lua utiliza o semicírculo único e puro como representação. O semicírculo se transforma para melhor representar a Lua, em seu formato minguante, já que a referência é o hemisfério norte, ao mesmo tempo em que isso confere uma ideia de passividade diante da sua curva côncava, o que permite facilmente identificar como um símbolo feminino.
TERRA
O glifo da Terra é bastante interessante porque ele tem, em si, um círculo, uma cruz e quatro semicírculos possíveis. Estes quatro semicírculos são divididos em dois grupos, o que permite caracterizar em hemisférios laterais – leste e oeste – e hemisférios longitudinais – norte e sul; uma consequência da própria cruz dentro do globo, tal como Eva sendo originada a partir de Adão. De destacar que a cruz carrega a ideia em si de cruzamento, ou seja, um aspecto sexual. A ideia é que do masculino descende o feminino pela força sexual.
VÊNUS
O glifo de Vênus é constituído do círculo e da cruz, semelhante ao glifo da Terra, sendo distintas as posições da cruz. Ao glifo de Vênus falta a força feminina, o semicírculo. Para Vênus, a força sexual é precursora porque está embaixo, demonstrando ser uma base. Desta se cria a força masculina. Considerando que Vênus é a Luz da Terra, do ponto de vista esotérico, a força masculina de Vênus, quando na Terra, permite, pela força sexual, criar a força feminina (na Terra). Isso permite entender que Vênus é precursor à Terra, porque a força sexual de Vênus cria a primeira força, que é a força masculina. Já na Terra esta força já existe e pela força sexual, novamente se manifestando, surge a força feminina.
MERCÚRIO
O glifo de Mercúrio tem, ao mesmo tempo, todos os três elementos base: O círculo, o semicírculo e a cruz. A parte de baixo, como base e fundamento é a força sexual, a qual gera a força masculina, o que se vê através do círculo. Acima deste, uma meia-lua, uma variante geométrica do semicírculo, aspecto da força feminina. Esta, uma geração a partir da força masculina, semelhante a Adão e Eva. Mercúrio é um planeta que se caracteriza por uma expressão mental. É da mente que surge toda a criação. É da mente dos Deuses que tudo surge e, a partir desta menta dos Deuses que tudo se plasma. A meia-lua em cima mostra que a mente é de natureza feminina, ainda que possa parecer o contrário. A mente é um veículo que deve agir de forma passiva. O ato de pensar sem parar é uma aberração. A forma mais exaltada do pensar é não pensar, o que indica que a mente é, em natureza normal, algo passivo, o contrário do que hoje temos, o que é uma anormalidade. A meia-lua pode ser tanto crescente como minguante. Será crescente se a meia-lua girar no sentido anti-horário; ou seja, da esquerda para a direita o que representa descer do Espírito para a Matéria. É minguante se a meia-lua girar no sentido horário; ou seja, da direita para a esquerda o que representa ascender da Matéria ao Espírito. Uma representa o descenso de Deus à Matéria, ou seja, a criação a partir dos Deuses e a outra representa a ascensão do Homem em direção a Deus; através da iluminação de si mesmo. Só uma mente passiva permite receber o descenso de Deus. Uma mente que não para de pensar é uma mente que rejeita Deus. Nossa mente tem que estar passiva. Como se diz: “Deus busca o vazio para preencher”.
MARTE
O glifo de Marte possui dois elementos, um círculo e uma cruz pela metade. Não há representação da força feminina no glifo de Marte. O círculo representa a força masculina. A cruz pela metade, indicada pela seta, é feita de tal forma que pode ser inserida, perfeitamente no interior entre os madeiros horizontal e vertical do glifo de Vênus, em seu terceiro quadrante. O número 3 representa o Espírito Santo, símbolo da própria força sexual, como pode ser visto no mito da Imaculada Concepção da Virgem Maria. Isso representa que o homem, como ser humano, está incompleto e para se completar necessita de outra parte. Vênus é uma dama, Marte um guerreiro. Vênus e Marte devem se desposar. O perfeito encaixe entre a seta de Marte, símbolo da força ativa, com a reentrância de Vênus, símbolo da força passiva; indica a necessidade de complemento e este complemento é, em primeira instância, sexual. Para que Marte possa ter o encaixe com Vênus, Marte deve descender. Todo trabalho com a força sexual ocorre quando se descende. Marte, mais que nenhum outro, é o mais humano dos planetas, é a representação mais pura e fiel do Iniciado. Todo Iniciado deve saber baixar e depois de baixar deve saber fugir. Essa é a representação do glifo de Marte. O homem comum é representado pela pintura de Botticelli VÊNUS E MARTE. Neste caso o homem é derrotado pela beleza e como Sansão, perde sua força devido a se deixar levar pelo fascínio com Dalila. O Iniciado é o contrário, ele triunfa sobre essa beleza fatal e sai vitorioso.
JÚPITER
O glifo de Júpiter possui uma cruz e uma meia-lua estilizada. Nele não consta a representação da força masculina. A cruz não está em equilíbrio quanto aos seus madeiros, mas está deslocada para o quarto quadrante, onde há a regência do elemento fogo e do elemento ar. O fogo representa o impulso e o ar a razão. A cruz está no lado direito, o qual está associado à matéria. Do lado esquerdo, o qual representa o espírito, a meia-lua, símbolo da força feminina. A meia-lua tem sua conexão com o madeiro horizontal, o qual tem relação coma força feminina, já que o madeiro vertical da cruz se relaciona com a força masculina. A meia-lua à esquerda representa a necessidade de equilibrar a razão – do elemento ar – com a emoção – do elemento água. O hemisfério ocidental corresponde à água, assim como o hemisfério oriental corresponde ao ar. Se traçados eixos horizontal e vertical de forma a manter uma simetria é possível constatar que a meia-lua está quase toda à esquerda e possui uma parcela à direita, ao estilo Ying-Yang, onde dentro da emoção há um pouco de razão. Com relação aos hemisférios sul e norte, os quais são regidos pelos elementos fogo e terra, respectivamente; existe total simetria, o que equilibra a cruz que está deslocada, uma demonstração de equilíbrio. Em si, o glifo de Júpiter mostra que nossa vida (o madeiro horizontal) deve estar em equilíbrio, e para isso, há que haver equilíbrio entre razão e emoção. A meia-lua no glifo de Júpiter é uma Lua Crescente, demonstrando expansão da força feminina em seu movimento ascendente.
SATURNO
O glifo de Saturno possui uma cruz e uma meia-lua estilizada, semelhante a Júpiter, ainda que a meia-lua tenha origem na cruz em ponto distinto. Nele, assim como em Júpiter, não consta a representação da força masculina. A cruz está disposta e deslocada junto ao segundo quadrante. Neste há a regência dos elementos terra (hemisfério norte) e água (hemisfério ocidental, oeste). Se traçada uma coordenada de eixos de forma a buscar uma simetria, a meia-lua está quase que totalmente deslocada para a direita e uma pequena fração para a esquerda. Já com relação ao eixo horizontal a meia-lua está um sua maior parte deslocada para baixo. Isso demonstra a necessidade de baixar, para subir, uma vez que a cruz está acima. A cruz, diferentemente de Júpiter, representa de forma fiel a cruz dos Cristãos e demonstra a necessidade de morrer em si mesmo, de eliminar de si a ilusão. A cruz, neste formato, com o madeiro horizontal deslocado para cima e com a meia-lua deslocada para baixo, demonstra que é necessário baixar e isso é possível através da força sexual, simbolizada pela cruz. O madeiro horizontal deslocado para cima indica o uso de forma superior da força sexual, destacando que ao contrário de Júpiter, em Saturno o madeiro horizontal está simétrico com relação aos lados esquerdo e direito. O uso da força sexual e o descenso necessário tem como caminho e meia-lua, ou seja, a força feminina. O glifo de Saturno pode ser estudado a partir da pintura de São Jorge que ao lutar com um dragão tem ao fundo uma Virgem orando por ele. O dragão são as nossas ilusões que devem ser eliminadas, ou seja, devemos morrer para o ilusório. A ilusão são trevas e por isso temos de descender com a ajuda de nossa Mãe Interna. Por isso a meia-lua assinala um caminho para baixo e deriva-se da cruz a partir de seu meio. O glifo de Saturno representa que é necessário destruir nossas ilusões, para tanto a força feminina é nossa porta, é nosso acesso. A meia-lua no glifo de Saturno é uma Lua Crescente, demonstrando expansão da força feminina em seu movimento descendente, por isso está “para dentro”, indicando a necessidade de interiorização, de reflexão. Pelos glifos de Saturno e de Júpiter é possível concluir que Saturno e Júpiter se equilibram mutuamente. Também percebe-se que o espiritual Júpiter está relacionado com a vida humana, o que se vê através da posição de onde parte a meia-lua. No caso de Saturno, o pesado e melancólico Saturno, que tem características materiais demonstra um lado espiritual ao contemplarmos que a meia-lua parte do madeiro vertical da cruz o qual representa a vida espiritual.
URANO
O glifo de Urano possui os três elementos, o mesmo que ocorre com Mercúrio. Possui uma cruz em equilíbrio, ou seja, os madeiros não estão deslocados. Na base da cruz, um círculo, este símbolo da força masculina, representando a geração. Aqui, ao contrário de Mercúrio, a força masculina, por meio da força sexual, cria o Mundo Espiritual (meia-lua esquerda) e o Mundo Material (meia-lua direita). A meia-lua esquerda é uma Lua Crescente e a meia-lua direita é uma Lua Minguante. Ambas representam as várias manifestações entre o bem e o mal, o equilíbrio das forças. Representa Deus e o Homem. Por isso dentro do conhecimento Gnóstico Urano representa o Cristo, uma força ao mesmo tempo Divina e Humana, sem ser, no entanto, nenhuma das duas em origem. O glifo de Urano apresenta o equilíbrio entre as forças e estas tem como base a força sexual. O fato de a cruz emergir do círculo representa que a força sexual é, em si, geracional. E da força sexual que saem as duas forças, do bem e do mal. Ou, em outras palavras, a base do bem e do mal reside na força sexual. Algo que se remete ao mito de Adão, Eva, a maçã e a serpente. O glifo de Urano mostra que devemos saber equilibrar as forças do cosmos dentro de si mesmo. Não devemos ser bons ou ruins, devemos estar acima do bem e do mal.
NETUNO
O glifo de Netuno possui dois elementos, uma cruz e um semicírculo, Não possui um círculo, não estando presente a representação da força masculina. Para fins de compreensão podemos imaginar o semicírculo rotacionar em 90°. Se girar no sentido horário, ou seja, da direita para a esquerda, temos algo como uma meia-lua crescente, ao passo se a rotação for 90º para o sentido anti-horário, ou seja, da esquerda para a direita; temos como resultado algo como a meia-lua minguante. Isso representa que a força sexual pode ser usada com propósitos regenerativos ou degenerativos, ademais, o semicírculo do glifo de Netuno está assentado no madeiro vertical da cruz, fortalecendo a ideia da força sexual. O madeiro horizontal deslocado para baixo indica que temos que descer para manejar a força sexual. Tal como a alegoria que ensina que o Apóstolo Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, ou seja, há que descer para manejar a força sexual, que é a mesma força da criação. Netuno se relaciona com as águas e, por isso, temos que saber manejar nossas águas sexuais. Tudo nasce das águas. O glifo de Netuno mostra a necessidade de aprender a manejar a força sexual. As setas do tridente indicam que o poder máximo está na força sexual.
PLUTÃO
O glifo de Plutão, como ocorre com Mercúrio e Urano possui os três elementos; o círculo, o semicírculo e a cruz. A base é a força sexual, já que ela é o primeiro elemento do glifo. Da força sexual, em sequência, uma meia-lua, ou um semicírculo, representação, neste caso, do útero gestacional o qual engendra, em seu interior, uma vida, seja orgânica ou o próprio universo. Essa vida representada pelo círculo, é a própria geração que foi gestada do útero, da Grande Mãe. A base da Grande Mãe é a própria força sexual. Esta está embaixo por dois motivos. Primeiro porque é a base e fundamento. Segundo porque a força sexual só pode ser manejada quando descemos em nosso próprio universo. Ela não é uma energia que se maneja de forma comum. Para manejá-la há que descender em si mesmo. Plutão representa os infernos e é nesta morada que temos que descender para poder ascender em criação. Deus não cria nos céus, Ele descende para criar… a criação é material e espiritual e para criar coisas materiais, Deus deve descender. O mesmo ocorre com o Homem que para criar a si mesmo deve descender em seus próprios mundos, manejar a força sexual – que é força criadora – e só assim, criar a si mesmo. O Ser Humano é uma criatura que ainda não está pronta, ela deve criar a si mesma. Esse é o glifo de Plutão, aquele que ensina que devemos nos criar, dentro do útero de Nossa Mãe Interna, mediante o descenso em nossos próprios mundos e utilizar, sabiamente, a força sexual.